29 de abril de 2008

Cultive essa Amizade



















Disse-lhe Jesus: Maria! (Jo 20.16.)

Já esteve numa situação em que não conseguia entender o que estava a acontecer, e tudo à volta não fazia sentido? Uma situação em que não conseguia ver nada e, depois que passou, percebeu que tudo estava “na cara”?
Penso que era assim que Maria se sentia. Ela fora embalsamar o corpo de Jesus e encontrou o túmulo vazio. Concluiu que o haviam roubado, pois nada mais fazia sentido.

Dois anjos e, depois, o Senhor apareceram para Maria, mas ela não os reconheceu. Ela fora buscar um corpo a ser embalsamado e não estava pronta para encontrar um Deus a ser adorado. Foi derrotada por sua expectativa.

Ficamos tão presos à crise, que não conseguimos ver nada que a contradiga. Aí podemos, a exemplo de Maria, vir a chorar diante de algo que nos deveria fazer vibrar. Ela não viu a ressurreição por pensar que a morte era a última palavra.

Salvou-a o fato de Jesus, que ela pensava ser o jardineiro, tê-la chamado pelo nome, pois, em vez de se espantar porque um desconhecido soubesse seu nome — o que seria lógico —, reconheceu o Mestre. Certamente não por ouvir seu nome, mas pela forma como fora pronunciado. Sua comunhão com Jesus a salvou de ser derrotada pela aparente crise.

Só a comunhão com Cristo pode levar-nos a reconhecê-lo no meio da crise. Só o Senhor pode conduzir-nos para além do limite imposto por equivocadas expectativas e salvar-nos de sermos derrrotados pela crise. Cultive essa amizade. Ela o fará ver tudo a partir da ressurreição.

Fonte: “Devocionais Para Todas as Estações” (Editora Ultimato, 2005).

26 de abril de 2008

Pérolas de Jerry Alves



E Tiradentes devia ser o padroeiro do Brasil.
Tá todo mundo com a corda no pescoço!
É feriadão, mas ninguém sabe quem foi Tiradentes.
No ano passado a Record saiu perguntando na rua: "Você sabe quem é Tiradentes?".
E um menino: "Tiradentes é um feriado".
Aliás, Tiradentes podia ter sido enforcado na terça, e aí a gente enforcava a segunda.



O Brasil é um país geométrico: tem problemas angulares discutidos em mesas-redondas por um monte de besta quadrada.


E hoje eu vi uma faixa na rua: "Ricardo, eu vou no seu casamento. Assinado: a outra".
Vai dar merda! É a faixa-bomba!


SHERLOCK FAJUTO
O caso Isabella originou um golpe na internet. Um e-mail falso, imitando uma página do G1, o site de notícias da Globo, "informa" que o pai da menina foi preso, acusado de ter cometido o crime. Um link para um vídeo da reconstituição do assassinato instala um vírus no computador do usuário. Na matéria fajuta, aparece duas vezes a palavra "assasino" -com um "s" a menos.
É um gobila tentando pegar outros



Morte na certa.
A pior epidemia do Brasil continua sendo a de acidentes nas estradas a cada feriado.
O de Tiradentes matou 97 só nas rodovias federais.
É mais que a dengue em todo o Estado do Rio este ano.



O padre e os balões.
Também estou aqui na torcida pra ele ser encontrado.
E pra que depois, quando tudo estiver bem, a mídia divulgue que fazer isso é algo muito perigoso e insensato.
Ainda mais vindo de um padre.


Sinceridade?
A entrevista do casal suspeito ao Fantástico parecia aqueles depoimentos de supostos fiéis convertidos que vão em programas religiosos falar sobre suas vidas pregressas.
Se é que você me entende.



O que é a natureza!
Amigos de Tony Ramos estão tentando convencê-lo a seguir o exemplo de Harrison Ford.
O ator americano depilou os pêlos do peito para protestar contra o desmatamento.
Cá pra nós, seria muito mais impactante.


Padre Aderli: despesa extraordinária.
Uma reportagem ao RBS Notícias, jornal local da Rede Globo em Santa Catarina levantou uma dado alarmante sobre a busca ao Padre Aderli. Até o momento foram gastos exorbitantes R$ 564 mil. Amanha será decretado o fim do processo, não sem antes mobilizar dois navios e um helicóptero.
É bom lembrar que em casos como esse a Marinha estipula um período de 72 horas para encontrar possíveis sobreviventes, neste caso as buscas foram estendidas pelo dobro de tempo.
Mesmo respeitando a dor da família é preciso lembrar que a quantia mencionada é excepcionalmente grande e excepcionalmente exagerada quando lembramos que se trata de dinheiro público.
O montante gasto desperta inquietação: devemos pagar pela irresponsabilidade de Aderli?
Se o caso não tivesse tamanha repercussão na mídia as buscas ainda estariam acontecendo?


Jerry Alves - Jornalista, Radialista e Escritor


Fonte: Orkut do Jerry Alves

Caso Isabella, nosso 11 de Setembro.


O Brasil não tem inimigos de guerra.
Não temos Bin Laden.
Ninguém quer nos atacar.
Nossos inimigos são nossos próprios demônios internos.

Estamos todos envolvidos numa nuvem de dor e indignação, o caso Isabella.
Na TV, nos rádios, nos jornais, nas ruas, o assunto é recorrente. Ininterrupto.
Para a mídia do Brasil o caso Isabella assume a dimensão do 11 de setembro americano.

Revemos as imagens sem parar.
Ouvimos as informações repetidamente.
E as perguntas ecoam o tempo todo, como abelhas na cabeça.

Questionamos tudo, todos, insanamente.
Como pode um pai acobertar a mulher que assassina sua filha?
Que amor é esse?
É por causa dos outros filhos?
Que pai pensa primeiro em proteger uma assassina a salvar a filha?
Que pai segura uma filha nos braços e joga-a pela janela?
Que pai pensa em salvar sua pele ao invés de salvar sua criança?
E se ela tiver usado o chinelo dele?
Ela teria sobrevivido se tivesse sido atendida naquela hora?
O que deflagrou a ira da madrasta?
O que fez Isabella ficar desacordada?
O que foi que eles combinaram?
Como a mãe conseguiu responder no Orkut no dia em que sua filha foi assassinada?
A família sabe o que aconteceu?
O casal contou o que fez para seus familiares?
Os advogados sabem a verdade?
O que vai acontecer?
Quer dizer que, o pai pensou que a mulher tinha matado Isabella e, ao tentar acobertar a assassina, jogou a menina pela janela torando-se assim, sem saber, o verdadeiro assassino da própria filha?

Queremos ver.
Queremos saber.
Queremos entender.
Queremos vivenciar.
Queremos conhecer nossos sentimentos pelos sentimentos dos outros.
Porque o crime abalou nossos alicerces mais profundos, na questão mais crucial da vida, a continuidade da vida.
Porque um pai, uma mãe, não apenas colocam um filho no mundo mas continuam até a morte, dando a vida por eles.
Pais e mães morrem para salvar seus filhos.
Pais e mães não matam os filhos, não arremessam seus filhos, não pensam primeiro na própria salvação quando a vida do filho está em jogo.

O caso Isabella é nosso 11 de setembro.
Nosso inimigo, que bombardeia nossas crenças, é a transgressão do amor que nos mantém em pé, o amor entre pais e filhos.
Quem ama não mata.
Quem ama salva.
E ninguém no nosso mundo real, na nossa crença e fé, pode matar a própria filha, uma criança pequena, indefesa.
Quando um pai mata sua própria menina nada mais faz sentido.
Eu também estou vendo a tv e não consigo parar. Não consigo sair de casa. Também preciso ver, sentir, refletir, saber, pensar.
Uma parte de mim quer sofrer.
Outra, quer ir trabalhar.
Porque a vida continuaE o caso todo é sobre isso.
Nossos filhos são a continuidade das nossas vidas.
Quem mata um filho, suicida-se. Com a agravante de continuar vivo para pagar.


Jerry Alves - Jornalista, Radialista e Escritor


Fonte: Orkut do Jerry Alves

23 de abril de 2008

Sofrimento e ressurreição


Por que choras? (Jo 20.15.)

Madrugada de domingo. Maria, cheia de dedicação e saudades, vai ao túmulo do grande Amigo, desejando homenageá-lo mais uma vez. Sepulcro vazio! Desconsolada, Maria chora sua desdita: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram”. Sofrendo, quando deveria exultar com todas as suas forças. Sofrendo por ter se esquecido das palavras do Senhor!

No caminho de Emaús, tendo os corações quebrados, dois discípulos vêm se arrastando, sufocados de dor pelo que acontecera a Jesus. No entanto, o Senhor estava ali, andando com eles! “Que palavras são estas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes?” Espantados, e ainda censurando-o veladamente, os discípulos respondem: “És tu só peregrino em Jerusalém e não sabes as coisas que nela têm acontecido nestes dias?” (Lc 24.17-18.)

Quantas vezes deveríamos estar alegres ao invés de tristes. Ter paz e grande gozo espiritual em vez de sobressaltos e sofrimentos! E isto não acontece porque esquecemos as palavras do Senhor! “Por que choras?” O Senhor está vivo! Ei-lo ao teu lado! Vê: Ele quer te consolar pelo muito que te ama! Enxuga os teus olhos! Regozija-te muitíssimo! Jesus ressuscitou! Aleluia!

Fonte: “Devocionais Para Todas as Estações” (Editora Ultimato, 2005).

19 de abril de 2008

O Longo Caminho da Maturidade por Ricardo Barbosa de Souza

A nobreza humana é fruto do longo caminho percorrido por aqueles que, com perseverança, amor, bondade e fidelidade, vão escrevendo sua história.

Tenho me perguntado com relativa freqüência: por que as pessoas são tão resistentes ao amadurecimento? Por que tem se tornado tão raro ver homens e mulheres crescendo emocionalmente e espiritualmente? Convivo com pessoas que, apesar de todas as experiências já vividas, depois de terem lido bons livros, conversado com pessoas maduras e inteligentes, de terem passado por escolas e universidades, ouvirem boas palestras e saberem quase tudo o que a Bíblia ensina, permanecem imaturas. Pessoas assim resistem com todas as forças a qualquer mudança; repetem os mesmos erros, as mesmas dúvidas, os mesmos sentimentos de rejeição; implicam com as mesmas coisas, oram pelos mesmos assuntos, brigam as velhas brigas. Dão a impressão de que não avançaram um milímetro no caminho do amadurecimento, não subiram nenhum degrau na escada do crescimento, não deram nenhum passo em direção a uma vida mais verdadeira. Alguns dão a impressão de que, na verdade, andaram para trás, retrocederam, tornaram-se piores do que já foram.

Basta olhar à volta e ver como as pessoas estão envelhecendo. É raro encontrar hoje um idoso maduro, sábio, bem humorado, destes que já viveram o bastante e souberam aproveitar cada experiência, que não vivem por aí resmungando e reclamando da vida, lamentando a idade e as oportunidades perdidas. Têm sempre uma boa palavra, um bom conselho; sabem envelhecer e não ficam procurando, pateticamente, viver como um adolescente, achando que o bonito está em retroceder e que a velhice é um estágio da vida que precisa ser deletado.

Penso que a resistência ao amadurecimento tem alguma relação com a resistência ao envelhecimento. Certamente, há muitas razões para a letargia emocional e espiritual em que nos encontramos hoje. Na verdade, ao olharmos para as virtudes cristãs, vamos perceber que, uma a uma, vêm sendo desprezadas e desconsideradas em nossa gloriosa civilização moderna e tecnológica. Humildade, simplicidade, castidade, generosidade, amor, bondade, paciência, coragem, lealdade, fidelidade, perseverança e gratidão vêm sendo substituídos por orgulho, vaidade, ambição, egoísmo, pressa, luxúria, inveja, traição, inconstância e ciúme. Somos, hoje, uma geração que não sabe mais amar, mas fazer sexo; que transformou o velho pecado da ambição na virtude da competência e da competitividade; que fez da vaidade a porta de acesso às banalidades sociais e do egoísmo uma arma de sobrevivência.

A paciência há muito deixou de ser uma virtude e, em seu lugar, cresceu o espírito da urgência e da pressa que, com seu pragmatismo funcional, atropelou o longo caminho da construção da dignidade e da honra. O sentimento de gratidão vem sendo substituído pela luta pelo direito e não há mais em nós aquele sentimento de dívida, que, no passado, moldou o caráter das pessoas que contribuíram com seu sacrifício para com a humanidade, porque reconheciam, com profunda gratidão, que tudo o que tinham lhes havia sido doado. O amor e a castidade perderam sua nobreza, transformando o corpo num artigo barato, usando a sensualidade como moeda para adquirir alguns momentos de euforia sexual.

Há um tempo atrás escrevi um artigo alertando contra o perigo dos atalhos. Minha preocupação era a mesma de hoje. A nobreza humana é fruto do longo caminho percorrido por aqueles que, com paciência e perseverança, gratidão e respeito, amor e bondade, fidelidade e lealdade, vão escrevendo sua história rumo à maturidade. São pessoas que sabem aproveitar cada experiência vivida, que não fogem do sofrimento e da dor, que reconhecem que tudo o que tem valor encontra-se nas profundezas da alma e precisam ser garimpados com paciência e perseverança.

Há uma metáfora do apóstolo Paulo que nos ajuda a entender isso. Ele compara a vida a uma corrida, na qual, para ganhar o prêmio, o corredor precisa de duas coisas: manter diante de si o alvo e ter disciplina. Para ele, a vida deveria ser olhada assim. Ele afirma que corria como quem sabe aonde quer chegar e, como todo atleta, impunha sobre si a disciplina necessária para ter a certeza de que não correu em vão. A imaturidade é o resultado de uma história vivida sem consciência de destino e sem disciplina.

A sensação de vazio, o tédio e falta de significado é o que move as novas gerações. Não se vê mais um sentido de missão ou consciência vocacional; não se sabe para onde caminham e nem os valores que abraçam. Os apelos da propaganda, as inúmeras ofertas e possibilidades, a agitação das festas e bares, os convites para as mais variadas atividades, levam a uma falsa sensação de preenchimento e significado. Contudo, quando as luzes se apagam, o barulho cessa, a multidão desaparece e a ressaca acaba, não sobra nada a não ser um vazio que insiste em dizer, silenciosamente, que o caminho não é este, que o alvo se perdeu, que as forças estão se esvaindo – e o tédio começa a bater mais fortemente na porta.

A maturidade tornou-se um artigo raro na sociedade pós-moderna. Alguns dias atrás, uma senhora me procurou para falar dos planos de casamento de sua filha. No meio da conversa, sua preocupação com a maturidade do casal, particularmente de sua filha, ficou evidente. Ela tinha certeza de que não estavam preparados para celebrar uma aliança tão importante e vital para suas vidas. No fim da conversa, ela disse num tom irônico: “Mulheres como eu, capazes de enfrentar as lutas que enfrentei, trabalhar, criar os filhos, amar o marido mesmo nos momentos mais difíceis, honrar a aliança que fizemos, superar as diferenças e chegar a esta altura da vida mais plena e mais verdadeira, apesar de todas as cicatrizes que ficaram, é coisa rara, pastor, muito rara”. Ela estava certa.

Autor:
Ricardo Barbosa de Souza é conferencista e pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasilia.
Fonte: Centro de Literatura Cristã

17 de abril de 2008

Um corpo que cai


A polícia vai indiciar Alexandre e Ana Jatobá pelo assassinato de Isabella.


Nesta sexta-feira, ela completaria 6 anos.


Vai ser um dia de muito sofrimento.

Quem sabe, uma catarse coletiva nos libere destas amarras que nos prendem a esta tragédia.


A data também tem sentido simbólico para a polícia e todos os envolvidos que querem resolver tudo até este dia.


E há muito para resolver, esclarecer, aprender, em toda esta tragédia, inclusive, para o público.


Há coisas muito tristes na reação do nosso povo neste caso doloroso.


A primeira é a busca selvagem e apressada por justiça, que inclui ítens bárbaros como o pré-julgamento ansioso e a pré-condenação sem provas. Mas isso, todos já comentamos.

A segunda, chega a ser chocante e mostra como o egoísmo pode superar a compaixão com facilidade: tem gente feliz porque acha que 'acertou' o palpite sobre os culpados, como se um crime fosse um game show de televisão ou um bilhete de loteria. A pessoa mal consegue lamentar a estupidez feita com a criança porque está 'celebrando' o fato de perceber-se certa em suas suposições sobre os criminosos. Comemorar a vitória de um mero palpite diante de uma vida perdida é um traço sério de crueldade.


A terceira, que é o grande mistério é a componente de perversidade que há em todos nós. O que os números mostraram é que, a curto prazo, nos números de audiência, a canalhece venceu a ética e que, em vários casos, o bom jornalismo perdeu para o sensacionalismo barato. A 'massa' prestigia a baixaria. Entre elas, há quem acredite que ser fiel à ética é 'papo de perdedor' e que o que vale é perseguir a audiência a qualquer preço.

Para que a breve vida desta menina que tanto nos comoveu possa se perpetuar na nossa, deixando um legado de humanidade e amor é preciso arrancar algum aprendizado deste crime horrível.


Devemos todos olhar para nossos próprios umbigos e, sem medo, encarar as gotas de sangue que respingaram também em nós.


Na solidão da nossa consciência é preciso ver que nós, como muitos dos envolvidos, também mentimos. Dizemos que 'estamos fartos deste caso' e voltamos para consumir mais e mais informações sobre ele.


Dizemos que 'não queremos sensacionalismo barato', mas carimbamos o passaporte da baixaria prestigiando suas bizarras transmissões.

Não é crime ser um espectador fantasioso e, o fato de inventarmos histórias envolvendo mães, pais, parentes, para chegar ao assassino da menina não nos transforma em monstros hediondos. Somos humanos finitos sempre exercitando o medo e a aceitação da morte. Mas, como adultos e cidadãos é preciso ter mais sensatez e respeito.


De tudo, ficam a dor, a tristeza, a comoção, pela menina, por sua mãe, por seus avós, por todos.


E a nossa dor advinda das rachaduras profundas hoje presentes nos pilares de nossa fé, no amor mais estrutural, o de pais e filhos, o de adultos e crianças.


Não se pode olhar a bizarrice oportunista e canalha como se fosse jornalismo.

Da mesma forma que não se pode olhar um filho morto em seus braços e ver ali, um corpo a ser jogado pela janela.


Jerry Alves
Jornalista, radialista, mestre de cerimônias e escritor.


Fonte: Blog do Jerry Alves